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Guilherme Favaron

Quem é o "novo consumidor"​, a nova estrela pós-pandemia?

Atualizado: 5 de mai.


Você já deve estar cansado de falar em mudanças, pandemia. Eu já quase não escuto mais sobre "o novo normal", felizmente...


Você como empresário ou executivo certamente já fez sua lição de casa. Automatizou alguns processos, enxugou custos, revisou a forma de contato com clientes, atualizou seu posicionamento online, reformulou campanhas digitais, capacitou seu time para o novo momento... etc.


Mas a pergunta que me faço é… sob o viés das empresas, o que realmente está por traz das mudanças? Você responder que é o isolamento social não toca nem a ponta deste iceberg. Porque 2020 será marcado como o marco pré e pós pandemia?


Tem algumas pessoas que a gente facilmente consegue rotular como, por exemplo, pessoa com facilidade com tecnologias, aplicativos, celulares, computadores, baixam aplicativos logo que são lançados, gostam de testar. Tem outras, que você sabe que são mais engessadas, sempre pedem ajuda, seus aplicativos sempre dão erro, tem dificuldades de entender o "cloud"... enfim.


Lógico que não é A ou B… simples assim mas por enquanto, vamos ficar com dois tipos de pessoas: as descoladas em tecnologia e as não descoladas.


Eu tenho uma tia de 75 anos. Há uns 20 anos atrás ela comprou um computador e eu fui ensiná-la a usar. Olhando os papéis das "aulas", eu vi que ensinei ela a ligar o estabilizador, depois a torre, depois o monitor. Ensinei também para o que servia o mouse. Longos 20 anos... hoje ela tá se esbaldando nessa quarentena… ela me envia videos editados no próprio celular dela., curtindo no seu jardim de rosas e com tempo para brincar no celular. (beijo tia Dina!)


Sem ter para onde ir, as pessoas foram para a internet, buscando especialmente substituir suas necessidades físicas, digitalmente. Comida, roupas, livros, produtos e serviços, tudo foi vertido diretamente para a transações online. Mas o grande ponto não é exatamente as compras online, mas sim o novo hábito de consumir coisas online. Pessoas que nunca compraram online, que não curtiam baixar aplicativos, que podiam ser enquadradas como "não descoladas", conforme meu exemplo acima, foram forçadas a usar a internet e seus recursos.


Mas o grande ponto não é exatamente as compras online, mas sim o novo hábito de consumir coisas online

Em uma pesquisa realizada pela Smartus no Brasil, as pessoas descoladas em tecnologia, entusiastas de tecnologia, cerca de 20% das pessoas ao todo, nada mudou com a pandemia (estamos falando exclusivamente sobre consumo digital). Afinal, já tinham no seu cotidiano a tecnologia e as ferramentas que hoje estão sendo amplamente utilizadas por quem quer interagir com o mundo. 70% das pessoas são mais pragmáticas ou conservadoras. Estas, não são nem descoladas nem "nao descoladas". Elas ficam no meio do caminho… sempre acharam válido, entendem o valor, a importância, mas nunca se sentiram efetivamente motivadas a entrarem de cabeça na digitalização. O restante 10%, estão esperando a pandemia passar pra tudo voltar como antes. Ainda.


Os aplicativos da Caixa Econômica Federal, em função do programa de auxílio emergencial, foram baixados por 90 milhões de pessoas. 53 milhões de pessoas concluiram o cadastro ao programa via aplicativo, com sucesso.


Em março de 2020, o Rappi teve aumento de 73% na base de clientes; iFood de 20% e UberEats de 28%.


Ou seja, quem não usava tudo online, hoje está usando.


Um novo comportamento trouxe sobrecarga de 40% no volume de dados em transferências pela internet (upload e download) devido crescimento de transmissões ao vivo (lives), vídeo conferência, vídeo aulas e jogos online. Serviços delivery como o Rappi, por exemplo, também foi impulsionado em 30% especialmente com o fechamento temporário de estabelecimentos comerciais. Muitos novos usuários também passaram a comprar online aumentando para 32% o número de consumidores realizando sua primeira compra online.


A grande mudança que estamos passando não é sobre você se digitalizar como empresa. A grande mudança é sobre seu consumidor preferir o digital ao físico, comprar online, consumir em casa, preferir entregas à consumo no local, preferir online ao físico.

E não apenas isso, o volume de pessoas que entraram e conseguiram enxergar valor no digital é brutalmente maior agora do que antes. Nosso estudo mostrou que mais que dobrou o número de pessoas que usavam a internet, na mesma frequencia e intensidade que os que descrevi como "descolados".


A grande mudança que estamos passando não é sobre você se digitalizar como empresa. A grande mudança é sobre seu consumidor preferir o digital ao físico, comprar online, consumir em casa, preferir entregas à consumo no local, preferir online ao físico.

Em 2019, 14% do comercio varejista foi feito pela internet, 8% do comercio total mundial. Você tem dúvidas que em 2020 esses números cresceram e muito? 65% do PIB Brasileiro é representado pelo consumo das famílias.


Obviamente que não acredito que o físico será substituido pelo digital. O cerne das relações humanas não foi alterado: a necessidade de conexão entre as pessoas está no centro dos valores humanos. As pessoas não querem passar por essa situação sozinhas. Em pesquisa feita pela Deloitte no Brasil, 19% dos respondentes afirmaram que depois do surto no país passaram a viver com os pais/parceiros(as).


A mudança que a pandemia está te pressionando não é apenas em função da performance, resultados, liquidez, caixa, processos, automações… Uma pressão absurdamente maior vai vir quando seu cliente ou potencial cliente demandar um nível de experiência e satisfação que a grande maioria das empresas não estão preparados para oferecer. Em paralelo, a competição necessariamente vai aumentar porque, digitalmente, quando se disputa a atenção dos clientes, é facil fazer parecer que o produto anunciado resolve todos os problemas. Ou seja, por um lado todos serão pressionados por um mercado consumidor mais exigente e por outro, maior será a competição na busca por atenção pois muitos negócios vão parecer muito bons, como o seu.


Algo que serve para você e seus concorrentes: “Para voar, você deve aprender primeiro a se erguer e a andar. Não se pode voar num relance”. Esta frase do Nietzsche eu ouvi de Akeem, o personagem de Eddie Murphy em “Um príncipe em Nova York”. Siga passos firmes que o mercado recompensa os que fazem o que deve ser feito, na qualidade esperada e no ritmo certo.


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